Amigos veteranos, nesta época é difícil
estar a escrever muito sobre o acidente em Mopeia, mas
digo já que estive em Mopeia de 22 de Junho a 9 de Julho
e revistei cerca de 93 cadáveres com vista à sua
identificação, pois que no momento era condutor do
oficial de operações, major de infantaria Joaquim
Vilhena Rodrigues que foi encarregado pelo comandante do
sector de elaborar o auto do acontecido. Outros
militares da minha companhia estiveram no local, da CCS
do Batalhão de Caçadores 1937, na altura sediada em
Mocuba.
Posso adiantar que em cada campa dos
militares e civis enterrados no cemitério de Mopeia
existe uma garrafa de vidro com uma lista de todos os
pertences encontrados nos corpos. Uma cópia ficou no
espólio desses militares.
Aqueles que se conseguiu identificar foi
mais fácil, outros camaradas que nem documentos tinham
foi difícil, embora se descrevessem exaustivamente todos
os seus pertences, (relógios, fios, outros bens que
pudessem permitir uma identificação futura). Neste
momento e sem recorrer a outros meios é o que salta à
memória, embora esta esteja sempre presente nas minhas
recordações.
Mais posso informar que um dos
sobreviventes era jogador de Hóquei, chamado Meireles e
que depois chegou a ser selecionador nacional da equipa
de hóquei em patins, outro dos sobreviventes era cabo de
seu apelido Turruta.
Na altura não escrevi grande coisa mas
apenas de memória estou a relatar estes factos,
acrescentando que o dono do batelão também foi enterrado
em Mopeia, eram cerca das quatro da madrugada.
Um abraço e sempre ao dispor para
qualquer outro esclarecimento e do qual eu me recorde,
acrescento que embora possa não ser relevante, fui
louvado pelo comandante do sector D, pelo meu trabalho
no local.