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 Guiné

GUINÉ - José Maria Fernandes Carvalho, Soldado Atirador, da CCac1566

 

José Maria Fernandes Carvalho

Soldado atirador

Companhia de Caçadores 1566

José Maria Fernandes Carvalho, Soldado Atirador, n.º 07632765, natural da freguesia de Aião, concelho de Felgueiras, solteiro, filho de Luís Carvalho e de Glória Fernandes.

 

Mobilizado pelo Regimento de Infantaria 2 (RI2 - Abrantes) para servir Portugal na Província Ultramarina da Guiné integrado na Companhia de Caçadores 1566 «EXCELENTE VALOROSO».

 

Faleceu no dia 25 de Agosto de 1966, em São João (Bolama), vítima de doença.

 

Ficou sepultado na campa 25 do cemitério de Bolama, na Guiné.

 

42 anos depois - 18 de Novembro de 2008 -, os seus restos mortais foram transladados para Portugal e foram inumados no cemitério da freguesia de Travanca, concelho de Amarante.

 

Que a sua Alma descanse em Paz

 

 

Enviado por José Martins

O Regresso a Casa

Com o mesmo espírito que se tinha nos tempos duros das Campanhas em África e, que com o passar dos anos, não só se fortaleceu entre os membros de cada unidade, como se alargou a todos aqueles que, ao longo dos anos, foram regando África com sangue suor e lágrimas, nestes tempos, sempre que nos surge algo que pode interessar a outros, é amplamente divulgado pelos meios de que dispomos, com especial ênfase para a internet.

 

A notícia, com destaque para a parte sublinhada, era:

 

2008/10/30 albano costa <albanomcosta@gmail.com>

 

Caro Carlos Vinhal

No próximo sábado, dia 8 de Novembro, vai chegar por volta das 9 horas, ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, vindo da Guiné-Bissau, e que na segunda ou terça-feira, irá ser sepultado no cemitério de Travanca - Amarante, mais um ex-militar que perdeu a sua vida em plena guerra, em 25 de Agosto de 1966, e que passados 42 anos, finalmente a família vai finalmente fazer o luto.

O José Maria Fernandes Carvalho, era soldado atirador, e pertenceu a C. Caç 1566, e na altura da sua morte estava em S. João (Bolama) e foi sepultado na campa 25 do cemitério de Bolama.

A todos os ex-combatentes e principalmente aos seus colegas, que com ele fizeram parte da mesma guerra, e que queiram estar presentes nas cerimónias fúnebres, informa-se que muito em breve se diz o dia e hora exacta.

Envio duas fotos: uma do cemitério de Bolama e outra da campa n.o 25  (as fotos foram enviadas pelo Manuel Rebocho, julgo que ele não se deve importar  de fazer parte (da notícia).

Um abraço de amizade,

Albano Costa

 

Logo, de imediato, é difundido o seu texto, de forma a obter-se informação mais pormenorizada sobre o facto visado:

 

(Para o camarada que enviou a noticia)

Albano:

 1. Obrigado, pelo teu carinho e camaradagem

 

(Para um dos co-editores do blogue)

Carlos:

 1. Mete na série In Memoriam. O último poste foi o 7.

 16 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3323: In Memoriam (7): Fernando Teixeira Soeima (1941-1965), campa n.º 1410, Cemitério Militar de Bissau (Nuno Rubim)

 

(Para quem se costuma meter nos livros a investigar)

Zé (Martins):

 1. Tens alguma informação adicional sobre este camarada e esta unidade?

 

Um abraço

 

O Soldado JOSÉ MARIA FERNANDES CARVALHO, natural da freguesia de Aião concelho de Felgueiras, solteiro e filho de Luís Carvalho e Glória Fernandes. Foi mobilizado no Regimento de Infantaria nº 2, em Abrantes, e incorporado como Soldado – Atirador na Companhia de Caçadores nº 1566.

 

Esta unidade, comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria António dos Santos Paula, embarcou em 20Abr66, tendo chegado à Guiné a 26 do mesmo mês.

 

Após curta permanência em Bissau, na dependência do BCaç 1876, a fim de substituir temporariamente a CArt 676 na segurança é protecção das instalações e das populações da área, efectuando, simultaneamente, a instrução de aperfeiçoamento operacional na região de Mansoa. Em 30Abr66, cedeu, temporariamente, um pelotão para reforço da guarnição de Pelundo, na dependência do BCav 790 e depois do BCaç 1877, onde se manteve até 26Jun66.

 

***

 

Foi durante a permanência em Mansoa, em 22 de Maio de 1966, que a unidade teve contacto com o IN, tendo falecido por ferimentos em combate o Soldado Atirador JOSÉ LUIS DA COSTA ALMEIDA, natural da freguesia de Moreira de Cónegos, concelho de Guimarães, solteiro, filho de José de Almeida e Laurinda Pereira da Costa, tendo o seu corpo sido inumado no cemitério de Delães, Vila Nova de Famalicão.

 

***

 

Em 30Mai66, iniciou o deslocamento dos seus efectivos para Jabadá, tendo seguidamente rendido a CCaç 797, assumindo, em 03Jun66, a responsabilidade do subsector de S. João, incluindo o destacamento de Jabadá e ficando integrada no dispositivo de manobra do BCaç 1860 e depois do BArt 1914.

 

***

 

Foi neste período, em 25 de Agosto de 1966, que o camarada José Carvalho, veio a falecer vítima de doença.

No mesmo dia e na estrada de S. João – Nova Sintra, faleceu vítima de ferimento em combate, em consequência do rebentamento de um fornilho In, o Soldado Condutor-Auto / Transmissões FRANCISCO ANTÓNIO FERNANDES LOPES, natural de Estombar, concelho de Lagoa, solteiro, filho de Francisco Fernandes Lopes e Maria Rosa Fernandes.

Estes dois militares foram inumados na Guiné, no cemitério de Bolama, cabendo ao Francisco Lopes a campa nº 24 e José Carvalho a campa nº 25.

 

***

 

Entretanto, a partir de 28Nov66, a sede do subsector passou para Jabadá, passando, então, um pelotão a guarnecer o destacamento em S. João.

 

***

 

Em 15 de Janeiro de 1967, na estrada que liga Gã Pedro a Jabadá, é accionada uma armadilha In, que provoca ferimentos no Soldado Atirador ANTÓNIO DE CARVALHO NASCIMENTO, de que veio a falecer.

Era casado com Aida dos Santos Ferreira e filho de Teófilo Nascimento e Clemência de Carvalho. Veio a ser inumado no cemitério de Baldos, freguesia da sua naturalidade, no concelho de Moimenta da Beira.

***

 

Em 11Jan68, o pelotão em S. João foi substituído pela CArt 1802 e em 13Jan68, dois pelotões da CArt 1743 passaram a guarnecer a povoação de Jabadá, tendo a unidade recolhido seguidamente a Bissau, afim de aguardar o embarque de regresso, o que veio a acontecer em 23Jan68.

 

Ainda comandaram a companhia o Alferes Miliciano de Infantaria Vladimiro de Pinho Brandão, provavelmente o oficial subalterno mais antigo, e o Capitão de Infantaria Adolfo Melo Coelho de Moura.

 

Há cerca de um ano, troquei correspondência com o António Teixeira da Mota, na altura em que o seu livro BUSCA INCESSANTE, escrito depois de toda uma odisseia para “trazer para casa” o corpo do seu malogrado pai e nosso camarada 2º Sargento JUSTINO TEIXEIRA DA MOTA.

 

Num dos mails trocados, falou-se no José Maria, já que uma irmã mostrou interesse em saber onde se encontrava o corpo do irmão.

 

Eis os mail que recuperei do meu arquivo:

 

Assunto: [Sem Assunto]

Data: Sat, 17 Nov 2007 18:38:07 +0000 [17-11-2007 18:38:07 WET]

De: José Martins «josesmmartins@sapo.pt»

Para: Teixeira Mota «teixeira.mota@gmail.com»

 

Caro amigo


Li o texto publicado no ultramar.terraweb.biz e não tenho palavras para adjectivar o seu acto: no mínimo LOUVAVEL. Felizes os homens que têm filhos assim, que os perpetuam no tempo.


Acerca do camarada de armas que refere, JOSÉ MARIA FERNANDES CARVALHO, foi mobilizado em Abrantes no Regimento de Infantaria nº 2 e pertenceu à Companhia de Caçadores nº 1566. Foi inumado no Cemitério de Bolama, na campa nº 25. Estes são alguns dados retirados de livros editados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de Africa (8º volume - Tomo II - Livro 1 - Página206).


Sobre a unidade a que pertenceu - CCaç 1566 - tem um breve historial no 7º Volume - Tomo II - Página 354 editado pela mesma Comissão.


Faço votos para que estes elementos lhe sejam úteis.


Melhores cumprimentos


José Martins

Fur. Mil. Trms. Inf.

C. Caç 5 – Guiné

Canjadude
Junho de 1968 a Junho de 1970

 

 

Assunto: Re:

Data: Mon, 19 Nov 2007 16:43:08 +0000 [19-11-2007 16:43:08 WET]

De: antonio teixeira mota <teixeira.mota@gmail.com>

Para: José Martins josesmmartins@sapo.pt

 

Caro José Martins,                                                                                     

 

Antes de mais agradeço a sua informação em relação ao número da sepultura do soldado José Maria Fernandes Carvalho. A família está-lhe imensamente agradecida por lhe ter facultado esta informação, pois até este momento não faziam a mínima ideia do local exacto onde o familiar tinha sido sepultado. Apenas sabiam que tinha sido no Cemitério de Bolama. A sua informação foi de extrema utilidade. Como me disse a irmã do saldado José Maria quando lhe transmiti a informação..., "Que Deus o ajude..." 

 

Em relação à minha história agradeço também as suas simpáticas palavras. Apesar de não ter conhecido pessoalmente o meu pai, tenho feito por ele ao longo da vida tudo o que está ao meu alcance para o perpetuar, e o que é um facto, é que passados 45 anos da sua morte estamos ainda hoje aqui a falar dele.

 

Tenho recebido muitas mensagens de felicitações sobre o e-mail publicado no site hppt://ultramar.terraweb.biz, onde hoje é feita referência ao livro que escrevi e que se chama LUTA INCESSANTE. Consulte sff.

 

Gostava de lhe oferecer um exemplar do livro, solicitando para isso que me envie o seu endereço.

Fico a aguardar as suas notícias e receba os meus cumprimentos.

António Teixeira Mota 

 

O JOSÉ MARIA FERNANDES CARVALHO já está a caminho de casa.

 

Partiu em 1966 para uma guerra que não era sua, ao serviço do país onde nasceu, mas que se esqueceu de o trazer de volta, apesar de, desde 4 de Fevereiro de 1966, estar consignado de que o Ministério do Exército era responsável pela trasladação das ossadas de todos os militares, mas continuava a exigir que fossem as famílias a suportar tal encargo.

 

Este é um momento único, como se a vida e a morte não fossem momentos únicos.

 

Curvo-me perante a memória do José Maria, como não posso deixar de me curvar perante a memória dos Soldados de Portugal que em África tombaram, a partir de 1415 aquando da conquista de Ceuta, e lá ficaram para sempre.

 

Saúdo também a família do José Maria que, em menos de um ano, conseguir “resgatar” o seu ente querido e, finalmente, vela-lo, chora-lo, de novo, e dar-lhe o lugar que sempre lhe esteve destinado junto dos seus antepassados e um lugar na nossa História.

 

Quando o clarim fizer soar o Toque de Silêncio, o Toque a Mortos e o Toque de Alvorada, porque há sempre um novo dia, podemos afirmar que se cumpriu mais uma missão.

 

José Martins

31 de Outubro de 2008

 

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