Guerra do Ultramar: Angola, Guiné e Moçambique Automobilia Ibérica - Histórico Automóvel Clube de Entre Tejo e Sado (HACETS)

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 TRABALHOS, TEXTOS SOBRE OPERAÇÕES MILITARES ou LIVROS

Imagem da capa e restantes elementos cedidos por Ilídio Costa

José Valentim de Matos Prata

Texto in: "«ULTRAMAR»... Pequenas histórias por contar..."

 

… da carne de caça e do pescado, tudo conseguido pelos indígenas em moldes tradicionais e artesanais … Para o algodão, café, chá, sisal e, em parte, o caju existiam mercados próprios, devidamente esquematizados e organizados, com a obrigação, por motivos óbvios, do seu cultivo atingir áreas cada vez maiores, recorrendo-se para o efeito, por altura das respectivas «safras», aos tais denominados «voluntários da corda» …

As cantinas eram, assim, espécies de «entrepostos comerciais», mas de uma maneira geral quando os naturais para lá levavam os seus produtos, a fim de serem comercializados, já se encontravam mais do que pagos! E isto porque os cantineiros, pelo menos aos indivíduos que lhes ofereciam mais confiança, iam fiando alguns dos bens essenciais necessários, para o seu dia-a-dia, pelo que na ocasião das colheitas já nada havia a receber em troca … Aquilo que acontecia, por norma, era apenas uma amortização aos «calotes» acumulados!... Sinal evidente de assimetrias e pobreza numa estrutura económica e social sem bases, em territórios extraordinariamente ricos, onde a vida poderia ser bem diferente para todos…

Atendendo, porém, às vicissitudes por que tudo foi passando, poderá continuar a dizer-se e com uma certa razão aparente que, mal por mal, mais valeria ter-se mantido a situação acabada de resumir do que aquela em que se encontra hoje mergulhada aquela martirizada gente! Todavia, na perspectiva desta pequena história as coisas não poderão colocar-se de forma tão simples e linear! Existem, obviamente, reentrâncias e picos comportamentais que nunca por nunca ser poderão ser apagados do painel real que então se vivia em Portugal e nas suas ex-colónias…

A situação calamitosa e degradante em que principalmente angolanos e moçambicanos estão metidos hoje em dia é, sem dúvida, uma das consequências da descolonização possível!... Mas para se ser livre. Para se ser independente. Para se atingir a maioridade, têm que se enfrentar e ultrapassar muitos obstáculos e passar por um sem número de convulsões…

Diga-se, porém, em abono da verdade, que as cantinas e os cantineiros, apesar de tudo o que por lá ocorria…, poderão considerar-se, nas condições vigentes da altura, elementos úteis na orgânica económico-geográfica dos territórios de além-mar.

Claro que os indígenas eram enganados! Disso ninguém tem dúvida. É um dado adquirido, intrínseco e comum a todas as pessoas, com raras execepções, que se encontram atrás de um balcão, …

 

ÍNDICE

  • Prefácio

  • A primeira viagem

  • Nampula há mais de trés décadas

  • A República dos «passa-fome»

  • O garrafão eclipsou-se

  • Evidentemente!

  • Uma sessão de propaganda

  • As baratas

  • Emissões de rádio

  • Roubaram-lhe uma mulher!

  • A Talaca atacou

  • O Eusébio

  • Deslocação para o simuco

  • O «Santa Maria»

  • O «Aranhão»

  • O elefante e a sua ferocidade

  • Gratidão

  • Um regresso à metrópole

  • O grafanil

  • Já podemos ir dormir a casa!

  • Abnegação e coragem

  • Os pirilampos

  • O homem do monóculo

  • O doutor Quintas

  • A couraça

  • O alto valor da correspondência

  • Tiros á toa

  • Uma intoxicação

  • O jornal «Topando»

 

 

 

 

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